Viagem: Patagônia Argentina (Amigos do Caminho)


2008 - Janeiro, 22 a Fevereiro, 03

Essa viagem foi programada pela ACACSC (Associação Catarinense dos Amigos do Caminho de Santiago de Compostela), alavancada pelo sucesso da viagem que haviam efetuado à Machu Picchu, no Peru, no ano anterior.



A organização da viagem foi contratada junto a agência Leão Agritur, da praia dos Ingleses.

No dia 22 de janeiro, partimos às 8 horas do Terminal Cidade de Florianópolis, num ônibus da empresa Imperatriz Turismo. A maioria dos passageiros era membro da ACACSC. Alguns eram amigos de associados e só um casal não tinha nenhum conhecimento prévio dos demais passageiros.


Após a saída, passamos numa oficina no bairro Roçado, para pegar uma peça do ônibus que estava apresentando problema. Questionando sobre o assunto, soubemos que o ônibus chegara de uma viagem ao Peru no dia anterior e que só fora possível efetuar a lavação antes de partir com nosso grupo.

Seguimos para Lages onde almoçamos. Após o almoço fomos todos dentro do ônibus para uma oficina autorizada para que procedessem ao conserto que voltara a se manifestar. Tratava-se de algo na suspensão.

Depois de algum tempo perdido ali, seguimos viagem.

Quando cruzamos a divisa do Estado de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, em Vacaria, o ônibus voltou a quebrar e ficamos muito tempo parados ali, aguardando que viesse um veículo da oficina autorizada de Lages para efetuar o conserto.


Finalmente seguimos viagem.

Tendo em vista que o ônibus contava com dois motoristas, viajávamos dia e noite até os destinos. Desde a saída de Florianópolis, a sala de jogos do andar de baixo do ônibus "bombava" no carteado, regado a bom vinho ou cerveja (providenciados pela diretoria da ACACSC) e muita conversa.


Chegamos em Buenos Aires no início da tarde do dia 23/01 (quarta-feira). Ficamos hospedados no Hotel República, bem na frente do Obelisco, na Av. 9 de Julho. Tivemos a tarde e noite livres. Algumas pessoas foram assistir a um show de tango e outros ao comércio.


No dia 24, pela manhã fizemos um City Tour e ao final, almoçamos no Restaurante Siga La Vaca.


Partimos em viagem após o almoço.

O ônibus voltou a apresentar problemas e num determinado momento, durante a noite, acordamos com o ônibus andando muito inclinado para o lado esquerdo. Quando passávamos por outros veículos grandes nosso ônibus ficava balançando por algum tempo. Paramos no outro dia num posto de combustíveis para que os motoristas providenciassem a troca de uma peça na suspensão.



Chegamos a Puerto Madryn, no dia 25/01/2008. Fomos para o hotel, onde fizemos o check-in e nos instalamos, saindo em seguida para conhecer a cidade.

Puerto Madryn está localizada na província de Chubut, possui praias de areias escuras e sua economia está fundamentada na pesca, produção de alumínio e no turismo.



No dia 26/01, bem cedo fomos visitar a Península Valdes, famosa por abrigar colônias de leões marinhos e pinguins. Almoçamos por lá.



No dia 27/01, partimos novamente em viagem. O ônibus quebrou na estrada, no meio do nada, na Patagônia Argentina. Tivemos de esperar que fossem buscar outro ônibus para nos levar ao nosso destino: El Calafate, aonde chegamos já no final da tarde.




Para nosso azar, não havia água no hotel (Hosteria Posta Sur) e tivemos que nos assearmos com toalhas umedecidas e depois saímos para conhecer a cidade e para jantar.






El Calafate é uma cidade pequena e simpática, localizada às margens do Lago Argentino com ótima infra-estrutura e repleta de turistas de todas as partes do mundo.

Até as vésperas de realizarmos esta viagem eu não fazia idéia do que era um glaciar. Chegava a confundir com o significado de glacial, ou seja, algo relativo ao gelo. Procurei então, informações e soube que se tratava de uma geleira. Mas foi na Internet (Wikipédia) que soube exatamente o que era: "é uma grande e espessa massa de gelo formada em camadas sucessivas de neve recompactada e recristalizada, de várias épocas, em regiões onde a acumulação de neve é superior ao degelo. É dotada de movimento e se desloca lentamente, em razão da gravidade, relevo abaixo, provocando erosão e sedimentação."

No dia 28, fomos conhecer o glaciar Perito Moreno. Daí é que fui conceber a noção real de sua grandiosidade e beleza. A visão dos paredões é tão impressionante que a torna inesquecível.



Atravessamos de barco o lago formado pelo degelo do glaciar e fomos caminhar sobre o gelo. Os guias locais fixaram os solados com garras de ferro sob nossos calçados.




Andar sobre o gelo com aqueles calçados foi uma sensação nova e boa para nós. Ao final da caminhada os guias nos levaram a um ponto do glaciar onde havia uma mesa. Ali nos serviram uísque com gelo do glaciar, acompanhado de alfajor.








Voltamos para a outra margem do lago e fomos ao mirante que nos permite ter uma visão mais ampla do glaciar de gelo branco azulado e ver os paredões de gelo com 60 metros de altura. Aos poucos, enormes pedaços da parte frontal vão se desprendendo, caindo estrondosamente no Lago Argentino.





Ficamos um bom tempo ali, hipnotizados com a magnitude e beleza daquela imensidão de gelo, formada em milênios de nevascas no alto da Cordilheira dos Andes.

Voltamos ao hotel e, novamente ficamos sem banho pela falta de água.

Naquela noite fomos comer o famoso e delicioso cordeiro patagônico que fica horas ao calor do fogo de chão até que esteja no ponto de ser servido.



Para postre (sobremesa) provamos o sorvete de calafate que é uma fruta típica da região, nascida em um arbusto espinhoso e que deu nome à cidade.



No dia 29 fomos de ônibus para a cidade de El Chalten, que dista 190 km de El Calafate, estando situada no extremo norte do Parque Nacional Los Glaciares, dentro da área geográfica dos Andes. A viagem foi agradável, num dia ensolarado e com uma paisagem cheia de novidades, onde tínhamos de um lado a paisagem patagônica cortada por rios formados pelo degelo da neve nas montanhas e de outro lado os elevados picos da Cordilheira dos Andes.


El Chalten é denominada de "Capital Nacional do Trekking" e oferece muitas opções de caminhadas. É uma cidade pequena e agradável típica das regiões montanhosas, com enormes paredões de rocha, uma vegetação rala e casas construídas para suportar o frio extremo e as tempestades de neve.

Considerando que o pacote turístico foi comercializado para pessoas que não eram associadas da ACACSC, foi programada nesta viagem uma caminhada de nível médio no Sendero a Laguna Torre, tendo como destino o "Mirador Cerro Torre".

Além de termos sido acompanhados pelo guia de El Calafate, outro guia local nos orientou na caminhada. De início nos explicou em um mural qual seria o trajeto e o objetivo da caminhada: observar o Cerro Torre.


À medida que nos afastávamos do centro urbano, iniciávamos a subida ao mirador, levando às costas nossas pequenas mochilas de ataque, com água, frutas e lanche.




Foi uma caminhada fácil e tivemos uma bela visão do Cerro Torre e seu entorno.



Retornamos no meio da tarde. Fizemos um lanche e voltamos para El Calafate para mais uma noite sem banho. Haja toalha umedecida para a higiene.

No dia 30 partimos muito cedo para irmos ao porto no Lago Argentino, distante cerca de 50 km de El Calafate, para um passeio de catamarã.



Iniciando o passeio pelo braço norte, vimos alguns blocos de gelo flutuando. Quanto mais avançávamos os blocos ficavam maiores, cada qual com um formato peculiar e cores variando do branco a um azulado translúcido.






Entramos na Baia Onelli e fomos ao porto "Las Vacas" onde desembarcamos. Ali o grupo ficou observando algumas vacas que caminhavam pela encosta da montanha, esperando o momento em que alguma delas caísse no lago, fato que não ocorreu.



Percorremos uma trilha de aproximadamente 800 metros dentro de um bosque com árvores típicas da Patagônia e chegamos ao Lago Onelli.


Para nós, acostumados com praia e sol, a visão do Lago Onelli é surpreendente. Não só pelo fato de surpreender, mas também pelo aspecto admirável, maravilhoso e magnífico daquela paisagem.

Um lago cercado por uma floresta e por montanhas de onde glaciares descem, lançando-se no lago aonde vão se fragmentando em blocos de gelo que flutuam na superfície até derreterem, vagarosamente.





Foi ali que, sentados num tronco sob uma árvore, lanchamos antes de voltar ao barco para continuarmos o passeio.


Prosseguimos até o canal Upsala onde, aí sim, vimos enormes blocos de gelo, muitos deles várias vezes maiores que o catamarã em que estávamos.

O catamarã passou na frente do glaciar Upsala, a uma distância de segurança, tendo em vista que parte dos paredões de até 50 metros de altura (fora d'água) caem a intervalos irregulares. Este glaciar avança para o lago a uma velocidade média de 4 metros por dia e esta é a quantidade de gelo que se desprende da geleira.





Conforme avançávamos, o barco vez por outra, batia seu casco em grupos de blocos menores de gelo. Vimos ainda outros glaciares secos (aqueles que não terminam no lago).



Na parte interna do catamarã a temperatura é agradável e se tem à disposição um bar onde comercializam lanches, bebidas e café. Porém, na parte externa o frio, intensificado pela velocidade do barco, que faz aumentar o vento, traz uma sensação térmica muito baixa, fazendo o famoso bater-queixo, mas é impossível resistir à vontade de estar ali para sentir a força da natureza.




Por volta das 17 horas chegamos ao centro de El Calafate, onde, já tendo abandonado os agasalhos, aproveitamos o tempo livre para mais um passeio.


Apesar de nossas reclamações junto ao hotel e junto ao guia da Leão Agritur, não tivemos solucionado o problema da falta de água para o banho durante todo o período em que estivemos na cidade.

No dia 31 tivemos a manhã livre e às 15 horas fomos ao aeroporto para tomar o avião que nos levaria ao Ushuaia.



Na parte final do vôo, ficamos assustados, tendo em vista que ouvíamos a aceleração do avião como um motor que está no giro máximo, depois, dava uma aliviada e, em seguida, voltava a aceleração máxima. Estes ciclos foram se repetindo sem que soubéssemos a que se devia. Ao final, pousamos sob forte ventania.

Do aeroporto seguimos para o Hotel num ônibus fretado. Houve uma falha do guia da Leão Agritur que nos acompanhava e a Emi (Maria Emília) que estava envolvida no desembaraço de sua bagagem, foi esquecida no aeroporto. Ela teve que descobrir o hotel para onde tínhamos ido e providenciar seu próprio transporte, de taxi.

Tão logo nos instalamos no hotel saímos para conhecer a cidade. Apesar de já passar das 20 horas, ainda estava claro e com céu azul.



Encontramos lá um Troller com placas de Fortaleza/CE. Ver carros tão longe de suas cidades aumentava nossa vontade de um dia sair numa aventura assim.


Já ia dar 23 horas e o dia seguia claro quando decidimos jantar. Pedimos centoia (espécie de siri gigante) em várias formas de preparo para experimentar.



No dia 01/02/2008, foi cancelado o passeio de barco programado no canal de Beagle, por causa da forte ventania que se abatia sobre a cidade, assim, tivemos o dia livre e aproveitamos para percorrer a pé a região central, o porto e visitar o comércio.




À noite participamos do jantar e da cerimônia de troca de presentes entre os "anjos" de cada um (aqueles que se cuidavam durante a viagem).


No dia 02 acordamos cedo para visitar o Parque Nacional da Terra do Fogo, que faz divisa com o Chile.

Fomos à Enseada Zaratiegui. Bahia Lapataia (onde termina a Rota-3), Lago Roca e ao Trem do Fim do Mundo










À noite voltamos de avião para Buenos Aires, onde o ônibus estaria nos esperando no aeroporto para viajarmos de volta à Florianópolis.

No dia 03/02, estávamos na Aduana, para regressar ao Brasil.


Não obstante os problemas apresentados pelo ônibus, tudo foi contornado devido ao entrosamento do grupo.

Foi uma viagem inesquecível.


Nenhum comentário: