Caminhada: Via Podiensis [Le Puy-en-Velay até Moissac] - França




2013, 27 de maio a 11 de junho


Dentre as muitas rotas do Caminho de Santiago de Compostela, escolhemos a Via Podiense para percorrer em 2013. 

Nesse ano faríamos a caminhada com um grupo de amigos da ACACSC (Associação Catarinense dos Amigos de Santiago de Compostela). Participaram da peregrinação; André Wendhausen Pereira Filho, Zélia Fraga, Luis Trias, Ecilda Pessoa de Lima, Vanisi Correa de Abreu, Mayalú Haffeman, a Clarice e eu.

Esta rota também é conhecida pelos seguintes nomes:
  • Via Podiensis * Caminho de Le-Puy * Grande Randonnée 65 (GR 65) *  Chemin de Saint Jacques * Caminho de Santiago de Compostela * Way of St. James
Os franceses têm o hábito de realizar muitas caminhadas deste tipo.  É comum ver pessoas sozinhas ou em grupos, muitas vezes famílias com crianças, caminhando por estradas - cada qual com sua mochila às costas - principalmente nos finais de semana e feriados. Assim, a França possui longos circuitos pré definidos que denominam de Grande Randonée, as GRs. 

Na França, Randonée significa caminhada longa (com tempo superior a quatro horas). As caminhadas mais curtas que as quatro horas são denominadas de Promenade (PR).  Há ainda as GR Pays, que são rotas nacionais que visam fomentar o desenvolvimento regional, cultural e econômico.  A França possui quase 65.000 Km de rotas Grande Randonée e mais 115.000 km de rotas Promenade definidos e sinalizados por voluntários.

No Caminho de Santiago de Compostela na Espanha, as rotas a serem seguidas possuem uma indicação do caminho a trilhar por setas amarelas, na França as GRs têm a indicação com a pintura de uma "balisage" ("way marker", sinalização) composta de dois pequenos traços (branco e vermelho). Normalmente nas situações em que o peregrino se vê em uma encruzilhada, as opções impróprias, são sinalizadas com traços pintados em X, alertando tratar-se de rota indevida, minimizando a possibilidade de erro.

Abaixo os símbolos de indicação dos trajetos, por tipo de caminho:

Fonte: chemins-compostelle.com/balisage-et-signal-tique


A Via Podiensis precede a rota "Caminho Francês do Caminho de Santiago de Compostela".  É um dos muitos ramais daquele Caminho. Inicia-se na cidade de Le Puy-en-Velay, na França, na região do Haute Loire e segue até Saint_Jean-Pied-de-Port, nos Pirineus, próximo à divisa com a Espanha, totalizando 761 Kms. A partir dali, o trajeto até Santiago de Compostela recebe o citado nome de Caminho Francês de Santiago de Compostela, a mais famosa e mais trilhada rota do Caminho.

Outra situação que se mostra diferente dos caminhos na Espanha é a hospedagem. Na Espanha temos a opção de nos hospedarmos em albergues municipais, albergues particulares ou hostel.  Na França uma das formas de hospedagem mais comuns nos caminhos são os Chambre d'hôtes (quarto de hóspedes), onde nos hospedamos diretamente na casa das famílias. há também os Gites que seria algo mais parecido com uma pousada.

A decisão do grupo, para esta empreitada era de fazer somente parte do percurso, para que pudéssemos inserir alguns destinos de turismo dentro de nosso tempo disponível para essa viagem. Assim, escolhemos a cidade de Moissac para o término da jornada, sendo que percorreríamos 400 kms da rota que está situada nos Médios Pirineus e, desta forma, apresenta uma topografia difícil, com muitas subidas e descidas diariamente.

No Brasil a divisão política do território se faz em Estados. Na França há Departamentos. Le Puy-en-Velay é a capital do Departamento de Haute Loire.




Dia 1 
27/05/2013, segunda feira 
Distância percorrida no dia: 23,3 km
Roteiro do dia: Le Puy, Saint-Christophe-sur-Dolaison,  Montbonnet, Le Chier e Saint-Privat-d'Allier

Hospedagem: L'Accueil des randonneurs: M. Et Mme Micheli

Site: www.accueil-randonneurs.fr


Por volta das 8 horas daquela segunda-feira estávamos todos postados em frente ao Marco Zero da Via Podiensis, cada um com seu novo cajado de madeira, adquirido na véspera. Apesar de estar um dia de céu azul, estava frio e partimos agasalhados.

Marco zero Via Podiensis, Le Puy-en-Velay

Por entre as casas de pedra da bela cidade fomos nos afastando do núcleo urbano. Os primeiros passos de milhares que viriam. Começava nossa aventura.

Clarice Xavier Berka, Le Puy-en-Velay 




Não demorou muito para percebermos, pelas poças de água e lama, os efeitos que a temporada de chuvas que precedeu nossa viagem exerceu sobre o caminho. O caminho pedregoso exigia atenção para evitar torções.


Apesar de estar um período frio e chuvoso, já era primavera e os campos estavam floridos e a natureza viçosa. 


Maurício Berka, Via Podiensis, França


Clarice Xavier Berka, Via Podiensis, França



O caminho é lindo mas apresenta seus desafios e é necessário atenção. 


Clarice Xavier Berka, Maurício Berka, Via Podiensis, França


Seguíamos caminhando, conversando e apreciando a natureza.


O roteiro é bem sinalizado e oferece muitas informações aos peregrinos. 


Os vilarejos por que passávamos eram bônus para nossos olhos.



De passagem em Saint-Christophe-sur-Dolaison, visitamos a Eglise de Saint Christophe, cuja existência já era citada por peregrinos no ano de 1161.

 


Os trechos  alagados e com lama eram muitos e íamos devagar, desviando das poças.

Maurício Berka, Via Podiensis, França


Enquanto alguns seguiam á frente, em um lado da estrada, outros vinham antes da grande curva. 


Exatamente às 12h30m entramos em Montbonnet.







A quantidade e beleza das papoulas nos impressionavam.

 













Quando chegamos em Saint_Privat-d'Allier, passava pouco das 15 horas.


Neste dia saímos de uma altitude de aproximadamente 640 metros e por cerca de 18 km caminhamos numa ascendente até uma altitude de 1200 metros. Nos quilômetros finais, descemos até os 880 metros.

As acomodações da acolhida eram simples mas fomos recebidos com muita atenção por parte dos proprietários. Após a chegada e banho, saímos para conhecer a cidade. 

Neste primeiro dia de caminhada e em todos os demais nos depararíamos com edificações seculares de uma beleza indescritível. 




 

 

 

A janta na Accueil, foi uma deliciosa e substanciosa sopa preparada pelo anfitrião.


Dia 2
28/05/2013, terça-feira. 
Distância percorrida no dia: 26,9 km.  Acumulado = 50,2 km
Roteiro do dia: Saint-Privat-d'Allier, Monistrol-d'Allier, Saugues e La Clauze
HospedagemLa Coustette Brigitte et Bernard Guinand

Site: www.coustette-de-la-clauze.fr



Saindo de Saint-Privat-d'Allier, às 7h28m, caminhamos por cerca de três quilômetros com um pouco de subidas e depois vieram 5 km de descida para, então, encarar um ganho de altitude de aproximadamente 500 metros nos seis quilômetros seguintes. Daí em diante o trajeto foi de subidas e descidas.

A região deste caminho é maravilhosa. a paisagem é cativante com muitas edificações centenárias.

Este banheiro público é ecológico e foi construído junto ao caminho para uso dos Randonées.


Clarice Xavier Berka, Via Podiensis, França






A Capela de Saint-Jacques, Rochegude, acima o interior e abaixo sua torre com dois sinos, ficando no caminho, enquanto seguíamos nossa peregrinação.


Neste dia o clima já estava mais frio.



Neste trecho encontramos outros peregrinos.




Maurício Berka, Via Podiensis, França



Próximo das 11 horas da manhã enfrentamos uma chuva e tivemos que apelar para nossas capas. Alguns preferiram sombrinhas.



Na saída de Monistrol d'Allier, essa imponente rocha que se projeta sobre os peregrinos.



Chegamos na acolhida por volta das 16h30m. Uma casa de pedra antiga, que foi totalmente reformada por dentro. A recepção se deu em um ambiente no andar inferior da residência. Ali, cada um recebeu uma sacola e um par de sandálias Crocs com a orientação de que deveria ser passado para a sacola recebida, tudo aquilo que fôssemos necessitar na casa, uma vez que não era permitido levar as botas ou as mochilas para dentro da casa. Esta medida visa não contaminar a casa com insetos que podem estar nas mochilas.




Após a indicação dos quartos, todos muito limpos e organizados, tomamos nosso banho e fomos para a sala interagir com a anfitriã e seu amigo que faria nosso jantar.


O jantar foi impecável, com aperitivos e brindes, uma entrada de torta fria e como prato principal confit de pato. Tudo acompanhado de licores, vinhos, queijos e sobremesa.




Mais um magnífico dia a ser comemorado. E um arco-íris veio enriquecer nossa paisagem.



Dia 3
29/05/2013, quarta-feira. 
Distância percorrida no dia: 25 km.  Acumulado = 75,2 km
Roteiro do dia: La Clauze, Le Falzet, Le Villeret-d'Apchier, Chazeaux, Le Sauvage, Le Rouget e Saint-Alban-sur-Limagnole
Hospedagem: Le Refuge du Pèlerins (Jean Marc et Françoise)
Site atualhttp://www.lerefugedupelerin.com

Faltavam 20 minutos para as sete horas e já estávamos na sala, cada um com sua "Crocs", para o café da manhã. 


Na França é hábito tomar o café em uma tijela (cumbuca) sem alça. Li que o fazem assim porque cabe mais café e esquenta as mãos ao pegá-la para levar à boca. Na foto abaixo estamos fazendo uso delas.


Na foto abaixo, à esquerda, a casa onde ficamos. 





O dia estava ventoso e frio. Por volta das 10h30m, iniciou a queda de alguns pequenos flocos de neve. Bem ralo, mas era neve às vésperas do verão.



   









Mais um dia de sobe-e-desce. A saída de La Clauze já é em ascendente e permanece assim por cerca de 14 km. Mas durante esse trajeto, há várias descidas para depois recuperar o que se desceu e subir ainda mais. Aproximadamente dois km depois de Domaine du Sauvage, quando se cruza a divisa entre o Departamento de Haute, que deixávamos e o Departamento de Lozère, é que começou a descida até nosso destino do dia, Saint-Alban-sur-Limagnoli.



Dia 4 
30/05/2013, quinta-feira
Distância percorrida no dia = 28 km.  Acumulado = 103,2 km
Roteiro do dia: Saint-Alban-sur-Limagnole,  Aumont-Aubrac, Lasbros, Les Quatre Chemins
Hospedagem:  Gîte d'étape Chez Regine (Regine)
Obs.: Posteriormente passou a denominar-se Gîte Aux Quatre Vents e sob nova administração.


Partimos em uma altitude de 980 metros e caminhamos em leves ondulações de altitude que não apresentavam desafios. Depois de 14 kms havíamos chegado a uma altitude de 1080 metros e no trecho final, subimos para 1180 metros. 


Conforme avançávamos no caminho, mais se confirmava que tínhamos feito uma ótima escolha ao eleger esse caminho para trilhar. Ele é árduo mas muito agradável e com belas paisagens.





A estátua de La Bête du Gévaudan,  retrata a fera que aterrorizou a região, no século XVIII, matando muitos moradores.


Eglise de Aumont-Aubrac


Próximo a Lasbros, visitamos a Chapelle de Bastide



O gite Chez Regine, ficava fora do centro urbano, num cruzamento de passagem dos peregrinos. Regine, a proprietária, cuidava de tudo, sempre com um cigarro à boca. o cheiro de nicotina estava impregnado em todos os ambientes. Foi uma noite muito fria.




Dia 5
31/05/2013, sexta-feira
Distância percorrida no dia = 29 km.  Acumulado = 132,2 km
Roteiro do dia: Les Quatre Chemins, Finieyrols, Rieutort-d'Aubrac, Montgros, Nasbinals, Aubrac, Saint-Chély-d'Aubrac
HospedagemGite d'étape Saint André  (Família Nicoli)
Site: randogitestandre.free.fr



Neste dia iniciamos a caminhada por volta das sete horas da manhã sob chuva fina. 

O relógio marcava 10h20m quando entramos em Nasbinals. Ali encontramos um "Artisan Boulanger" e entramos para ver os produtos. Não conseguimos sair sem comprar alguns doces para comer mais tarde.

Igreja de Santa Maria, Nasbinals


Também em Nasbinals, decidimos almoçar ao ver o cardápio do restaurante Chez Bastide. onde comemos um "ragoût de pédé" (ensopado de carne de cervo).



Saindo dali entramos em um agradável bosque.



Às 14 horas cruzamos a divisa, saindo do Departamento de Lozàre e entrando em Aveyron, chegamos a Aubrac, onde tivemos a grata surpresa de encontrarmos o Restaurante Chez Germaine, com um ambiente acolhedor e quente. Ali experimentamos uma gigante fatia de torta de frutas vermelhas acompanhada de um cremoso chocolate quente.






Mas, então, o caminho nos esperava com pedras, lama e frio, por entre um verde bosque e paisagens extraordinárias.











O dia foi assim, até Nasbinals nos mantivemos na altitude dos 1180 metros, variando pouco para mais ou para menos. Nos  três kms seguintes subimos a 1324 metros e, então, iniciamos uma descida até os 810 metros que é a altitude de Saint-Chély-d'Aubrac, nosso destino do dia.

Chegando ao Gite d'étape Saint André, fomos recepcionados pela família Nicoli e acomodados em nossos quartos, tomamos um reconfortante banho e nos sentamos à uma enorme mesa juntamente com os anfitriões e outros peregrinos para o jantar. Os talheres traziam a imagem da vieira, um dos símbolos do Caminho de Santiago.





Dia 6
01/06/2013, sábado
Distância percorrida no dia = 21,9 km.  Acumulado =  154,1 km
Roteiro do dia: Saint-Chély-d'Aubrac, Saint-Côme-d'Olt e Espalion
Hospedagemgîte d'étape communal d'Espalion
Sitegite-espalion-aufildeleau.fr

Logo após a saída encontramos uma subida que nos levou aos 960 metros. Apesar de ser uma subida de apenas duzentos e tantos metros, ela se torna cansativa porque é curta e íngreme. Descemos um pouco até L'Estrade (4,5 km). Então veio um trecho de 5 kms de descida, mas entremeado com muitas subidas (ondulações).  Na parte final, mais descidas e ondulações.  Espalion, nosso destino, fica a uma altitude de 342 metros.

Iniciamos a caminhada às 7h30m.


Em alguns trechos do caminho a estrutura que atende aos randonées é fantástica. Abaixo um banheiro público, onde o cuidado ultrapassa a questão da limpeza e se estende a decoração. Necessário ressaltar que se não fosse o respeito que os cidadãos têm com esses ambientes nada seria assim.







Fomos nos distanciando e Saint-Chély-d'Aubrac mostrou-se numa última imagem.




















Saint-Côme-d'Olt




 

 












 

 

Neste dia estava acontecendo um festival de bandas na cidade de Espalion e havia muitas pessoas nas ruas. Durante a tarde as bandas seguiam separadamente pelas ruas da cidade tocando as músicas e fazendo evoluções. Então, conforme íamos andando, encontrávamos diversos estilos de bandas.

Na praça principal havia barracas de comida e bebidas e, à noite, as bandas apresentavam-se em um palco.

Espalion é uma cidade extremamente linda. A cada esquina se descortina algo para se admirar.









Dia 7
02/06/2013, domingo
Distância percorrida no dia =  22,5 km.  Acumulado =  176,5 km
Roteiro do dia: Espalion, Saint-Pierre-de-Bessuéjouls, Verrières, Estaing, Montegut, Massip e Golinhac 
Hospedagemgîte d'étape Le Petit Saint Jacques (M. et Mme. Reniers)
Site: petitsaintjacques.fr

Outro dia de muitas ondulações na altitude. Apesar de termos saído de uma altitude de 342 e termos chegado ao final em 650 metros, durante todo o dia subíamos ou descíamos. Por estarmos caminhando nos médios Pirineus, uma região montanhosa, esta é uma característica do caminho. Se por um lado o deixa desafiante, por outro nos dá lindíssimas paisagens.

Neste domingo iniciamos a caminhada às 7h30m com um dia de céu claro. Margeávamos o Rio Lot.





 










Mais um dia de paisagens fantásticas. É bem difícil a tarefa de escolher as fotos para o blog. Muitas fotos interessantes acabam ficando de fora para permitir mostrar vários trechos porém sem que fique muito longo. Caminho agradável. 








Predominam na região as casas de pedras, inclusive a parada de ônibus na foto abaixo, que serviu para um breve descanso.



Passar por essa região e admirar essa beleza toda só é possível quando estamos caminhando porque nos dá tempo para perceber a beleza, parar e olhar com mais demora os detalhes.










A vegetação e as intervenções humanas brigam para ver quem se sobressai e, nesta disputa, tudo se torna mais maravilhoso porque se integram. Ganha o peregrino. Este é um caminho para ser feito com tempo para curtir todas as suas belezas e singularidades. Com essas paisagens fica fácil entender o porquê dos Franceses valorizarem tanto as caminhadas.




Chegamos a Estaing às 11h15m. Uma belíssima cidade às margens do Rio Lot. Fico preocupado ao registrar que uma cidade é bela, porque todo o caminho o é. E, elogiar algum local isoladamente pode transparecer que somente aquele local é lindo.






 



Permanecemos em Estaing por uma hora, percorrendo algumas ruas e visitando a Igreja.




Dia 8
03/06/2013, segunda-feira
Distância percorrida no dia =  25,5 km.  Acumulado =  202 km
Roteiro do dia: Golinhac, Espeyrac, Sénergues e Conques
Hospedagem: Centre d'accueil Abbaye de Sainte Foy

Site: abbaye-conques.org


Nos primeiros 8,5 kms, até Espeyrac, descemos a 360 metros e iniciamos uma subida até 630 metros. Então seguimos mais cerca de 8 kms nessa altitude para iniciar uma descida até os 275 metros de altitude de Conques.










 












 



 


 












A Abadia onde ficamos foi reformada internamente e atende muito bem aos peregrinos.

 







 








 







Dia 9
04/06/2013, terça-feira
Distância percorrida no dia = 24 km.  Acumulado = 226 km
Roteiro do dia: Conques, Roumégoux, Decazeville, Saint-Roch e Livinhac-le-Haut
Hospedagem: Gîte d'étape La Magnanerie
Site: http://www.gite-livinhac.com

A saída de Conques já nos apresenta uma subida íngreme que assusta. Então voltamos a rotina do sobe-e-desce que permanece até Livinhac-Le-Haut.



 


























Neste dia a Clarice, eu, o André e o Luis Trias e mais dois peregrinos que não eram do grupo dormimos nessa torre abaixo, ficando dois peregrinos por andar. Os demais dormiram na casa principal.

 


Neste dia ocorreu algo hilário. Depois de nos instalarmos na acolhida, saímos todos para jantar. O único restaurante disponível informou estar lotado apesar das mesas vazias. Estranhamos. Informaram que poderiam nos atender num determinado horário e que o único prato que ainda dispunham era pintade. Aceitamos e ficamos por ali entre uma cerveja e um belisco. Todos ansiosos para comer o peixe (pintado?!). Depois de algum tempo começaram a chegar os clientes que tinham reserva e ocuparam todas as mesas, surpreendendo-nos. Assim que chegou ao nosso horário, sentamo-nos na mesa indicada e ficamos aguardando o peixe. Aos poucos a pessoa que nos atendia começou a trazer os pratos com uma coxa de ave. Entreolhamo-nos e só então decidimos fazer uma pesquisa no tradutor para saber o que era pintade e descobrimos que era galinha d'angola. Rimos muito. Assunto para vários dias.



Dia 10
05/06/2013, quarta-feira
Distância percorrida no dia = 24,5 km.  Acumulado = 250,5 km
Roteiro do dia: Livinhac-le-Haut, Montredon, Bord e Figeac
Hospedagem: Hotel Le Faubourg
Site: http://www.hotel-faubourg-figeac.fr/hotel-faubourg-figeac

Mais um dia com importante subida no início do dia. Depois, praticamente manteve a altitude, com as subidas e descidas, às quais já estávamos acostumados.

Neste dia entramos no Departamento de Lot ao acessarmos Montredon.
























Em Figeac, repetindo a rotina de todas as cidades de pernoite, saímos para conhecer a cidade.









Dia 11
06/06/2013, quinta-feira
Distância percorrida no dia = 30,5 km.  Acumulado = 281 km
Roteiro do dia: Figeac, La Cassagnole, Faycelles, Béduer, Gréalou, Le Verdier e Cajarc
Hospedagem: la Galinette et Dormiton : Anne Conseil
Site: galinette.dormiton.free.fr

Este foi o dia em que tivemos o caminho mais plano desde o início da peregrinação.















 


Abaixo uma interessante van que vende charcutaria parando em diversos destinos.










Dia 12
07/06/2013, sexta-feira
Distância percorrida no dia = 25 km.  Acumulado = 306 km
Roteiro do dia: Carjac, Limogne-en-Quercy e Varaire
Hospedagem: Gîte d'étape Les Marronniers
Sem site.

Outro dia em que a altitude se manteve amiga e tivemos poucas subidas e descidas.
















Uma agradável pausa para um lanche ao ar livre.







A rotina de chegada nos locais de pernoite. Liberar os pés das botas, separar as roupas para o banho, a lavação das roupas sujas o mais cedo possível para secarem e depois o passeio e a refeição.


Durante o caminho, chamávamos o André de papi (vovôzinho, em Francês). Ele não gostava muito, mas o fazíamos de forma carinhosa (às vezes para mexer com ele mesmos, rsrsrs). Nesse dia, antes do jantar, estávamos em uma sala tomando espumante e, por um problema na comunicação, a proprietária da accuil e do restaurante entendeu que o papi estava aniversariando. Para nossa surpresa, após o jantar lhe trouxeram um pequeno bolo com uma vela e todos no ambiente cantaram parabéns para ele e vieram lhe dar as felicitações, que ele acabou recebendo constrangido.








Dia 13
08/06/2013 sábado
Distância percorrida no dia = 32 km.  Acumulado = 338 km
Roteiro do dia: Varaire, Vaylats e Cahors
Hospedagem: Auberge de Jeunesse Espace Frédéric Suisse
Sem site

Este foi o dia com o trajeto mais plano da caminhada.

















Dia 14
09/06/2013, domingo
Distância percorrida no dia = 37 km.  Acumulado = 375 km
Roteiro do dia: Cahors, Labastide-Marnhac, Lascabanes e Montcuq
Hospedagem: Gite de Lestos (Patricia y Jean-Michel)
Sem site.

Cahors
Catedral St. Étienne


  

  





  






  










 






Numa propriedade fora do centro urbano, um antigo moinho de água, Patrícia e Jean-Michel criaram um inusitado "gite", montado num antigo celeiro. As baias dos animais foram transformados em quartos e montada uma infraestutura para acolhimento dos peregrinos. 


No imenso terreno, com muitos plátanos e tílias oferecendo agradáveis sombras, havia espaço para descanso com cadeiras relaxantes. 









O ponto alto da hospedagem foi o jantar. Sentamo-nos ao redor de uma grande mesa, juntamente com outros peregrinos de outras nacionalidades (holandeses e alemães). Os anfitriões nos serviram a entrada, a janta, a rodada de queijos, que limpa o paladar para a sobremesa. Terminado o jantar, a grande surpresa. Havia, erguida sobre a mesa, pendurada por cordas, uma grande bandeja de madeira, no comprimento da mesa, cheia de garrafas com licores coloridos. Jean-Michel então nos deu as instruções: enquanto conversávamos, ele iria descer a bandeja e em pequenos copos que ele nos entregou, colocaríamos uma porção do licor que estava a nossa frente. Após alguns instantes, ele daria um comando e trocaríamos de lugar com a pessoa ao lado e provaríamos, então, outro licor, cuja garrafa estaria agora em nossa frente. E assim, de tempos em tempos, nos vimos girando ao redor da grande mesa e conversando alegremente, provando licores de todos os sabores imagináveis. Muito interessante.






Dia 15
10/06/2013, segunda-feira
Distância percorrida no dia = 25 km.  Acumulado = 400 km
Roteiro do dia: Montcuq / Lauzerte, Hotel Aube Nouvelle e Moissac
Hospedagem: Gîte d'étape L'Ancien Carmel
Site: https://www.lanciencarmelmoissac.com

Antes de saírmos do Gîte, a Clarice deixou uma mensagem no mural que ficava em frente aos boxes onde dormíamos, com nossos nomes e a Ponte Hercílio Luz.



Após os café da manhã, Jean-Michel nos levou de carro até um pouco antes de Lauzerte para iniciarmos a partir de lá a caminhada.

Ali em Lauzerte, deixamos o Departamento de Lot e entramos em Tarn-et-Garonne, onde permaneceríamos até Moissac.

Como chovia e havia muita lama, Mayalú, Vanise e Zélinha decidiram não entrar na cidade de Lauzerte e seguir o caminho. Para nós que optamos por entrar na cidade, uma linda surpresa: uma linda cidade. 




Achei essa intervenção artística maravilhosa.

   

   




 


Deixamos Lauzerte satisfeitos com a visita.




 





 





 



 


   





















11/06/2013, terça-feira.  MOISSAC

Nesse dia, ainda conseguimos dar uma volta por Moissac, antes da partida.



Nossas mochilas companheiras diárias no trajeto, aguardavam a nova fase da viagem.




Passeios e conversas antes da viagem até Paris.



Os doces da França, vitrines hipnotizantes.




O momento da partida, prontos para mais descobertas em Paris e Londres.


Na estação, adquirimos nossas passagens de trem para Paris. Iríamos de Moissac até Mountauban Ville. Lá, tomaríamos outro trem até Paris




Credencial do Peregrino de Clarice







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