Viagem: Santiago do Chile


2005 - Outubro, 18 a 26

Tínhamos saldo suficiente de milhagens no programa Smiles e decidimos ir a Santiago do Chile.

Marcamos as passagens, mas preferimos não efetuar reserva de hotel com antecedência, apostando no fato de que a capital Chilena, com seus milhões de habitantes não deixaria de ter hotéis disponíveis.


Quando desembarcamos no aeroporto, houve certo atraso em virtude de ter viajado conosco uma equipe brasileira de tiro que estava indo para um campeonato e as armas esportivas que estavam nas bagagens deles atrasaram a inspeção.

Providenciamos câmbio para a moeda local de pequena importância para fazer frente às despesas iniciais até que pudéssemos efetuar câmbio no centro da cidade onde seria mais vantajoso, conforme havíamos nos informado.

Depois, ainda no aeroporto, tentamos buscar alguma informação sobre hotéis e fomos encaminhados a um funcionário da Prefeitura destacado exatamente para a recepção dos turistas e encaminhamentos destas questões. Ele nos informou que a situação estava difícil, tendo em vista que coincidentemente naquela época estava ocorrendo diversos congressos em Santiago, mas que não nos deixaria sem hospedagem.

Observamos-lhe ligando para alguns hotéis. Depois de algum tempo ele nos disse que conseguira um pernoite no hotel Majestic, da rede Best Western, no centro da cidade e que deveríamos ir para esse hotel que após às 19 horas entraria em contato para nos informar sobre o hotel para os demais dias.

Achamos estranho e chegamos a pensar que ele estivesse dando um golpe para pedir algum favorecimento depois.

Seguimos ao hotel na VAN recomendada por ele. Fizemos o check-in e deixamos a bagagem em stand by, tendo em vista que deveríamos seguir para outro hotel no dia seguinte.

Saímos para conhecer o centro da cidade. Passamos em frente a diversos edifícios belíssimos. Passamos pelo Passeo Ahumada, calçadão de maior fluxo de pessoas da cidade onde ficamos impressionados com a limpeza do local, demonstrando o bom nível de educação do povo chileno.



No centro há diversas casas de café direcionadas ao público masculino, onde moças de minissaia e salto alto atendem num enorme balcão, servindo o café. Entramos para tomar um café e a Clarice era a única mulher cliente.

A rua do centro financeiro era cheirosa e no calçadão havia música ambiente.

Permanecemos algum tempo sentados nos bancos do calçadão observando o vai-e-vem das pessoas. Fomos até a região do Mercado Central, porém não chegamos a entrar.

Tivemos dali a primeira visão das montanhas nevadas ao longe e conhecemos o Rio Mapocho, naquela época do ano com caudalosa correnteza de águas vindas do degelo das montanhas.





A primeira impressão da capital foi muito boa. Os chilenos são simpáticos e atenciosos com os turistas. Começamos bem.

Voltamos ao hotel antes das 19 horas, visto que o funcionário da Prefeitura, no aeroporto, marcara para fazer contato conosco, para dar um posicionamento sobre a mudança de hotel. Já havíamos sondado junto à recepção do hotel sobre a disponibilidade de vagas e o recepcionista confirmara que realmente não havia vagas e que os hotéis da cidade estavam realmente com lotação máxima.

No horário marcado, recebemos a ligação do agente da Prefeitura que disse que conseguira um apart-hotel com preço ótimo, na Rua Moneda (a mesma do palácio presidencial) a cinco quadras de onde estávamos instalados. Disse ainda que no dia seguinte, por volta da 11 horas viria ao hotel para tratarmos da transferência.

Naquela noite jantamos no ótimo restaurante Indiano do hotel Majestic, onde recebemos atenção especial da proprietária do restaurante.



No dia seguinte (19/10), tendo em vista que deveríamos retornar ao hotel antes das 11 horas, conforme combinado com o agente da Prefeitura, saímos para dar outra volta pelo centro e fizemos uma visitação ao Palácio Moneda.



Pintura em parede plana com idéia de tridimensionalidade.









Por volta das 11 horas ele nos ligou e disse que não poderia comparecer, mas que já havia acionado um taxi para nos levar ao apart-hotel e que o mesmo estaria nos aguardando na frente do hotel em poucos minutos. Orientou-nos sobre o preço a pagar pela corrida de taxi (uma mixaria) e que se o taxista pedisse mais que não pagássemos, pois já fechara o preço.

É por esse tipo de serviço e atenção que o turismo nos outros países da América do Sul vem se destacando frente ao Brasil, visto que o governo investe no turismo e conta com funcionários que desempenham suas funções com seriedade e honestidade. Perguntado sobre o preço de seus serviços ele disse que não era nada, que aquele era o seu serviço e que o fazia com prazer de encaminhar bem os turistas.

Conforme combinado, pouco depois chegou um taxi que nos levou até o endereço informado, onde funcionava o apart-hotel.

Quando fomos à sala da administradora para tratar do check-in, vimos alguns folders de pacotes turísticos e demonstramos interesse em fazer alguns. Eram pacotes efetuados em ônibus que recolhiam os turistas nos hotéis onde estavam e os levavam aos destinos.
Fechamos com ela pacotes para: (1) visita à Vinícola Concha y Toro; (2) Valle Nevado, (3) Valparaiso / Vina Del Mar e (4) Noite de Santiago, a serem efetuados em dias distintos.

O apart-hotel era excelente com quarto, banheiro, sala e cozinha. O café da manhã era servido no quarto.

Depois de instalados, saímos para visitar o Mercado Central e almoçar lá.

Assim que entramos no belíssimo prédio edificado na segunda metade do século XIX, fomos tocados pela magia de seus cheiros, cores e sons. Passamos pelos corredores de peixarias onde observamos as características dos frutos do mar Chilenos. Espantamo-nos com o tamanho das lulas, conforme pode ser observado na foto abaixo, onde aparecem cortadas.


Ficamos também impressionados com o tamanho das Centollas (enormes caranguejos).


Enquanto circulávamos pelos corredores, conhecendo o mercado, éramos assediados pelos representantes dos restaurantes para que almoçássemos em suas casas. Decidimo-nos pela Marisqueria Donde Augusto. Experimentamos a ostra (bem menor do que as de Florianópolis), mas igualmente gostosas.



Depois, um ótimo almoço de frutos do mar regado a vinho Santa Digna, Sauvignon Blanc, da Miguel Torres. Saímos dali convencidos de que voltaríamos.

Fomos conhecer a Catedral, a Praça de Armas e o Museu Histórico Nacional. Caminhamos também pelas diversas ruas que formam o entorno do Palácio Moneda.






No dia 20 descemos ao saguão para aguardar o ônibus que nos levaria para a visita à Vinícola Concha Y Toro. Entrou um sujeito com uma agenda na mão e chamou pelo meu nome. Apresentei-me e ele disse que nos levaria ao passeio em seu carro. Falei que deveria ter algum engano, tendo em vista que havia contratado um tour com ônibus. Ele disse que nos atenderia nos quatro programas e que pagaríamos o mesmo preço do ônibus, com a vantagem de um atendimento mais personalizado.

Tudo acertado entramos no carro dele (uma perua Carens, da Kia). Ele se apresentou: Seu nome era José Luiz, era economista, havia vivido na Itália, era sócio numa casa noturna em Santiago e trabalhava como guia turístico. Já na saída foi dando uma aula sobre a história do Chile, sempre fazendo referências à história do Brasil que ele demonstrou conhecer bem e discorrendo sobre os pontos turísticos do trajeto. Fomos, nós três, interagindo até a vinícola, onde nos deixou com os demais turistas e disse que nos esperaria no carro.

O tour na vinícola começou com um passeio ao ar livre, onde conhecemos a casa do proprietário e as plantações de uva. Depois, fizemos uma degustação de vinhos e recebemos as taças de presente. Visitamos as adegas e a reserva especial “Casilero Del Diablo”, onde fazem uma encenação para explicar que foi assim batizada em função do fato de que vinhos da reserva do proprietário estavam sendo tomadas pelos empregados. Ele, prevalecendo-se das crenças dos empregados, disseminou a lenda de que o local onde se achava sua reserva era visitado pelo diabo. Depois disso sua reserva ficou intacta.






Depois da visita à vinícola, José Luiz nos levou ao bairro Belavista, para visitarmos o Cerro San Cristóbal.



O acesso ao cerro (morro) se dá por um funicular (trem inclinado tracionado por cabos), numa interessante viagem.

Ao alto há uma enorme imagem da Virgem Maria num pátio onde se tem uma bela vista da capital Chilena. O passeio prossegue por teleféricos que levam a recantos do Parque Metropolitano de Santiago e a um museu do vinho. A descida se dá novamente pelo funicular.


O bairro Belavista, reduto da boemia da cidade, possui muitos restaurantes e bares com mesas na calçada onde se pode lanchar durante o dia ou bebericar à noite.


O dia 21 amanheceu ensolarado e estava reservado para fazermos o passeio até a estação de esqui Valle Nevado, situada na Cordilheira dos Andes, a cerca de 50 km de Santiago e a uma altitude de 3.000 metros, infelizmente sem atividades naquela época do ano.

Assim que chegou, José Luiz nos questionou sobre a possibilidade de levar outro casal junto conosco, ao que aquiescemos. Era um casal de Belém do Pará que estava hospedado no mesmo apart-hotel: Daniel e Socorro. Simpaticíssimos.

Enquanto subíamos a Cordilheira nos deslumbrávamos com a paisagem e, aos poucos, começávamos a ver a neve acumulada ao lado da estrada. Era nosso primeiro contato com neve em tal quantidade.


Ao chegarmos, descemos do carro e pudemos, enfim, pisar naquela imensidão branca. Conhecemos a estação e caminhamos um pouco para explorar aquela nova sensação.









Depois da visita, seguimos pela Cordilheira onde conhecemos a casa de pedra, bom abrigo para as tempestades de neve. Fomos para a o Hotel Posada Farellones, onde almoçamos antes de continuarmos o passeio no vale até o retorno a Santiago.




Naquela noite caminhamos pelo centro da cidade.

No dia 22 saímos à pé para explorar mais um pouco de Santiago.

Visitamos a Igreja e Museu San Francisco.

Instalado em um convento com edificação iniciada no século XVII, o museu possui pátio belíssimo que favorece uma sensação de paz. O museu conta com belíssimas peças acumuladas desde o início da colonização do Chile.





Já a Igreja, com suas grossas paredes, erguidas para suportar os terremotos que de tempos em tempos chacoalham as regiões do Chile, imprime uma beleza rústica, favorecendo a meditação.



Há em Santiago um serviço de bicicletas com dois assentos atrás, para transporte de turistas no centro da cidade.


Seguimos até o Cerro Santa Lúcia, bem harmonizado quanto a arborização e construções, proporcionando uma bela vista da cidade. Lá se encontram a “Terraza Neptuno” e o “Castillo Hidalgo”, importante Centro de Eventos.





Decidimos almoçar novamente no Mercado Central, desta vez no restaurante La Joya Del Pacífico. Experimentamos o Pisco Sour, uma espécie de caipirinha feita com limão siciliano e Pisco (aguardente de uva).

Estávamos sentados junto a uma mesa no pavimento superior e de lá, vimos que Daniel e Socorro estavam em uma mesa no piso inferior.



Descemos e almoçamos juntos, mais um ótimo almoço regado ao bom vinho chileno e boa conversa.


Após o almoço fomos passear pela cidade. Voltamos à Catedral que vivia dias de festa, tendo em vista que no dia seguinte (23/10), ocorreria no Vaticano, a canonização de San Alberto Hurtado, nascido no Chile. Esta seria também a primeira canonização a ser realizada pelo Papa Bento XVI.


No dia 23 (domingo) o guia José Luiz foi nos buscar no hotel para o passeio a Valparaiso e Viña Del Mar.

Saindo de Santiago, tomamos a Rota 68 e seguimos para o litoral. Enquanto viajávamos, José Luiz seguia nos passando informações sobre Santiago, sobre o Chile e vinhos chilenos. Contou-nos sobre a cepa Carmenère, que foi dada como extinta no mundo, atingida por uma praga, até que num determinado dia um chileno participou de um concurso com um vinho que foi reconhecido como sendo um autêntico Carmenère. Depois de estudos e confirmação, descobriu-se que no Chile esta cepa ficou imune à praga, tendo em vista que ficou protegida ao leste pela Cordilheira dos Andes, ao sul pelo frio antártico, ao norte pelo deserto do Atacama e ao oeste pelo Oceano Pacífico. Hoje o Carmenère é um dos vinhos mais festejados do Chile.

Passamos pelo túnel e ele nos disse que a partir dali saíamos do Vale Del Maipo e entrávamos no Vale Casablanca, assim denominado porque era uma região propícia principalmente ao cultivo de variedades de uvas brancas.

Falando em culinária, comentou sobre a fama dos empanados do Chile e fez questão de parar num bar de estrada para que conhecêssemos o autêntico empanado. E ali, às margens da Rota 68, experimentamos os empanados acompanhados de refrigerante. Uma delícia.

Andamos mais um pouco e ele parou numa vinícola para a visitarmos a loja e fazer uma degustação de vinhos brancos.



Chegamos a Valparaiso, “A Jóia do Pacífico”, cidade declarada como Patrimônio Mundial da UNESCO e onde funciona o Congresso Nacional do Chile.



Fizemos um city tour, visitando a região portuária e a região central com seus prédios centenários. Visitamos ainda a La Sebastiana, casa/museu de Pablo Neruda.

Seguimos para Vina Del Mar onde fizemos um City tour. A Clarice pisou nas águas do Oceano Pacífico e fomos almoçar. Observamos colônias de Leões Marinhos e passeamos pela bela cidade.


Lá há muitos prédios erguidos nas encostas dos morros que acompanham a topografia do terreno e possuem funiculares para o transporte dos moradores.


O guia José Luiz ainda nos brindou com uma parada no Cassino que não estava programada. Saindo da cidade, passamos em um cerro que nos proporcionou uma bela visão de Vina Del Mar.




No dia 24 (segunda-feira) tomamos o moderníssimo metrô de Santiago e fomos conhecer o bairro Providência, conhecido como o mais importante bairro de classe média alta de Santiago, com boas opções de lojas e restaurantes, muito procurado pelos turistas.




Depois fomos até o Shopping Parque Arauco. Para tanto, tomamos o metro, fomos até a linha final e de lá, tomamos um ônibus urbano que nos levou até o Shopping.

De volta ao centro, experimentamos cachorro quente com abacate, afinal os chilenos adoram abacate e os colocam como opção em quase tudo que é prato. Lá eles o comem em pratos salgados.



Ao final da tarde voltamos ao apart-hotel e nos arrumamos para o programa noturno. Neste dia o José Luiz foi nos buscar acompanhado de uma amiga dele que estava aprendendo os ofícios de guia turístico. Era bilíngüe. A Clarice adorou visto que pôde exercitar seu inglês com a moça.

Fomos a um jantar com show no Restaurante Bali Hai. Jantamos e assistimos a um show com danças típicas da Ilha de Páscoa e de outras regiões do Chile. Na mesa ao lado havia um grupo de turistas brasileiros. Conversando com eles soubemos que eram de Florianópolis (eta mundinho pequeno). Terminado o show o locutor convidou a todos que se dirigissem ao palco para dançar. Encontrei ali o Lúcio Flávio que havia trabalhado comigo no banco e soube que a excursão de Florianópolis era organizada pela empresa de turismo da esposa dele.



Saindo da Bali Hai, José Luiz nos levou para um tour pela noite de Santiago onde nos apresentou diversas casas noturnas e terminamos a noite na boate da qual ele era sócio.

No dia 25 acordamos tarde, tomamos o café e saímos para uma visita ao Museu de Belas Artes onde pudemos apreciar imponentes esculturas em mármore e riquíssimo acervo. O museu encontra-se instalado em um prédio fantástico do início do século XX.


Tendo em vista que no dia seguinte retornaríamos ao Brasil, decidimos almoçar novamente no Mercado Central, pelo tanto que gostamos daquele ambiente e, também, para evitar ir a restaurantes comuns, do tipo que se vai em qualquer país que se esteja. Entendemos que se devam aproveitar estas viagens para ir a lugares que representem a personalidade da cidade, de seu povo e suas tradições.



No calçadão há banheiros públicos construídos no subsolo, com acesso em quiosques.


No dia 26 aproveitamos a manhã para uma ultima passeada pelo centro e depois nos deslocamos ao aeroporto para voltarmos para casa.



Foi uma viagem fantástica. Ficamos impressionados com a educação do povo chileno. Observamos que há um grande respeito com a questão tributária e até um cafezinho tomado no balcão gera um cupom fiscal. O mesmo acontece com gibis numa banca de revistas ou com o passe de ônibus urbano. Achamos interessante que eles consomem muito sorvete, apesar da temperatura estar amena no período em que lá estivemos.




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