2009 - Junho, 09 a 18
Desde nossa viagem a Santiago do Chile em 2005, aguardávamos por uma oportunidade de ir a Buenos Aires.
Em janeiro de 2008, quando da viagem à Patagônia Argentina, com os amigos da ACACSC (Associação Catarinense dos Amigos do Caminho de Santiago), passamos por Buenos Aires. No entanto, a permanência foi abreviada devido aos constantes problemas mecânicos ocorridos no ônibus que nos levava. Mas, daquela breve visita nasceu a certeza de que nosso próximo destino seria aquela metrópole.
Estabelecemos junho de 2009 como meta, visto que nessa data eu já estaria aposentado. Tão logo foi possível, adquirimos com milhas SMILES as passagens com ida em 09 de junho e retorno na manhã do dia 18 daquele mesmo mês.
Fomos sem pacote turístico, apenas com o hotel reservado.
Apesar da pressão que sentimos no ouvido, de forma como nunca havíamos sentido, correu tudo bem e chegamos na madrugada ao Aeroporto Internacional de Ezeiza, que fica a cerca de 35 km do centro da cidade.
Após o desembarque efetuamos câmbio na agência do Banco de La Nacion Argentina, que fica no aeroporto e se mantém aberta 24 horas por dia.
Tomamos um taxi e fomos para o Hotel NH Lancaster, que fica na Av. Córdoba esquina com rua Reconquista, onde procedemos ao check-in e fomos descansar.
Dia 10 de junho, uma quarta-feira, seria nosso primeiro dia para passeios. Acordamos e descemos para o café da manhã muito bem servido e com qualidade. Mas o croissant recheado com doce de leite merecia um prêmio culinário.
Nossa proposta era de deslocarmo-nos à pé o máximo possível, então saímos do hotel para conhecer os arredores.
Estávamos hospedados no centro da cidade, a uma quadra do shopping Galerias Pacífico, que fica na principal rua de comércio, a rua Florida.
Andamos por toda a extensão do calçadão da Florida, a Rua San Martin, Reconquista, Av. Corrientes (inclusive acima da Av. 9 de julio), enfim, todo o "miolo" do centro. Almoçamos rapidamente em um restaurante da Galerias Pacífico.
Este primeiro dia estava reservado para sentirmos a alma de Buenos Aires no burburinho da metrópole com o ir e vir daquele elegante povo. Olhar demoradamente para o passeador de cachorros e vê-lo administrar as vontades de cada um dos cães sem perder a passada ou a paciência. Perceber a beleza estampada nas vitrinas buscando identificar aquilo que se difere dos nossos costumes. Captar o ar de fidalguia dos portenhos compenetrados em suas leituras ao sabor de um café acompanhado de media luna nas abundantes cafeterias da cidade. Saborear alfajor acompanhado com café.
Reverenciar a arquitetura de Buenos Aires, rica em cada pequeno detalhe e magníficas no conjunto. Só a arquitetura da cidade com suas fachadas, portas e cúpulas, mereceria uma viagem especial. Observar também os modelos de carros existentes por lá (e olha que lá tem mais carros com placas argentinas do que em Ponta das Canas).
Foi assim que o dia passou sem que percebêssemos. Quando nos demos conta, já estávamos inseridos na multidão que saía do trabalho às 18 horas, promovendo uma agitação. Aos poucos iam sumindo para o subsolo em estações do Subte (metrô), para seguir para casa e repor as energias para enfrentar o dia seguinte.
Fomos para o hotel por volta das 20 horas, satisfeitos com a opção de ter ido a Buenos Aires. Tendo em vista que nosso plano de viagem não contemplava programas noturnos à exceção de um show de tango, ficamos no hotel.
No café da manhã do segundo dia já nos preocupávamos com o excesso de media lunas com doce de leite que comíamos. A continuar assim, terminaríamos a viagem sem caber nas roupas que levamos. Mas, sabiamente, ignoramos todos os avisos de nossa consciência.
Reservamos o segundo dia para pesquisa de preços de coisas que queríamos adquirir. Como dispúnhamos ainda de vários dias, entendemos por bem fazer essa pesquisa logo no início para não correr o risco de comprar algo fora de preço. Percorremos à pé mais de 5 km da Córdoba até um centro de compras. De lá fomos ao Shopping Palermo, próximo ao hipódromo. Voltamos à rua Florida para completar a pesquisa.
No terceiro dia fomos ao Puerto Madero. Descemos a rua do hotel onde estávamos e, três quadras depois já estávamos bem no início do complexo, próximo ao terminal do Buquebus. Sem pressa o percorremos junto à avenida até ao final, onde fica o Puerto Madero Tango, contornamos o prédio e retornamos costeando os diques. Almoçamos por ali.
Visitamos o museu fragata Presidente Sarmiento e apreciamos a Puente de La Mujer e ao final passamos na agência do Buquebus para obter informações sobre passeios ao Uruguay.
Fomos para o centro, onde fizemos o tour típico pelas atrações oficiais; Casa Rosada, Catedral, Obelisco, Congresso de La Nacion Argentina, etc, etc. Deixamos de visitar o Teatro Colón porque estava em reforma.
Nossa opção por fazer os deslocamentos a pé se devia primeiramente a nossa satisfação em caminhar, depois, porque entendemos que é a melhor forma de sentir a cidade. Mas também contribuiu, o fato de Buenos Aires viver naqueles dias, um surto de contaminação pelo vírus Influenza A(H1N1) e havia recomendação expressa em todos os meios de comunicação em se evitar locais fechados com aglomeração de pessoas, inclusive nos transportes coletivos. Os jornais televisivos eram tomados por matérias sobre problemas em hospitais e clínicas que não tinham mais como atender a quantidade de pessoas infectadas que a cada dia se multiplicava, trazendo-nos certa preocupação.
No dia 13 partimos novamente à pé para o bairro Palermo para visitar o Jardín Japonés. Fomos pela Recoleta, pela Av. Del Libertador, parando a cada atração: Monumento a Carlos de Alvear, Facultad de Derecho, Plaza Naciones Unidas, onde se encontra a enorme flor de aço que abre e fecha suas pétalas a espaços de tempo predeterminados.
O Jardín Japonés é de uma beleza ímpar, apresentando grande variedade vegetal com equilibrados arranjos de cores, tons, luzes e sombras, os lagos, peixes, pedras e pontes nos distanciam da aridez da paisagem urbana, favorecendo a paz interior. Antes de retornar à pé para o Hotel, passamos novamente pelo Shopping Palermo.
A noite do dia treze estava reservada para conhecermos a casa Señor Tango, onde jantamos e assistimos ao show de tango. Quando da aquisição dos ingressos adquirimos pacote incluindo os transfers de ida e volta.
Instalaram-nos num mezanino, numa apertada mesa onde os garçons, às correrias nos despachavam o jantar como se tivéssemos chegado atrasado. A saborosa comida e o bom vinho amenizaram o impacto.
Para assistir ao show nos deslocamos para a mureta e dali assistimos ao espetáculo que tão bem explorou luzes, sons, movimentos e emoções.
Dia 14, domingo, reservamos para visitar o Jardim Zoológico.
Não obstante ser um belo lugar e haver uma grande quantidade de espécimes faltou limpeza e organização no Zoo, principalmente por ser um domingo, dia de maior fluxo de visitantes.
Foi um passeio válido, porém, na qualidade destoou de tudo que já tínhamos visto na cidade.
Enquanto voltávamos caminhando para o centro, passamos pela Feira de Artesanato da Praça Intendente Alvear onde pudemos observar belos trabalhos artesanais e, em contraste, logo em seguida passamos pelas ricas vitrinas das mais desejadas grifes mundiais da Av. Alvear.
Na segunda-feira, dia 15, fizemos o passeio de Buquebus até Colônia Del Sacramento, em território Uruguaio.
Quando fomos para Buenos Aires eu estava resfriado. Lá, naquele entra e sai de ambientes climatizados a situação se agravou e, naquele dia estava sentindo-me pior, mas nada que atrapalhasse o passeio, porém fiquei preocupado com a possibilidade de ser barrado nos termômetros eletrônicos que a Polícia Federal Argentina estava usando na reentrada ao país.
Embarcamos num catamarã, com capacidade para 1200 passageiros, contando com free shop à bordo e fizemos o percurso em cerca de 1 hora.
Em Colônia Del Sacramento tomamos um ônibus que fez um tour pelas atrações mais distantes e, já era meio-dia quando nos deixou no centro, junto ao restaurante onde almoçaríamos, ficando de nos buscar no final do dia.
Almoçamos e fomos conhecer a cidade. Colônia Del Sacramento foi colonizada primeiramente por portugueses, daí encontrarmos muita semelhança com aspectos de Florianópolis, São Francisco do Sul e Laguna.
Enquanto visitávamos um museu encontramos o cantor brasileiro Belchior. Depois de nosso retorno ao Brasil, surgiu aquela polêmica de que ele estaria desaparecido.
Colônia Del Sacramento é um passeio imperdível.
Quando voltamos já era noite, mas mesmo assim retornamos à pé para o hotel, afinal eram só três quadras.
No dia 16 fomos (novamente à pé) ao bairro La Boca, onde passeamos no entorno da Bombonera, visitamos o Museu do Tango onde pude matar a saudade de estar por detrás de um balcão de armazém como o fiz por toda a minha infância e adolescência. Visitamos também o Caminito e as ruas que formavam a antiga vila boêmia de Buenos Aires.
Almoçamos por lá.
No retorno adquirimos ingresso para assistir no dia seguinte ao musical El Fantasma de la Ópera, no Teatro Ópera. Nossa decisão foi motivada pelo fato de que se tratava da mesma produção da Broadway, conforme dizia o próprio anúncio: "Finalmente llegó a Buenos Aires, com la misma propuesta, el mismo vestuário y la misma escenografía que lo hicieran famoso en todo el mundo".
No dia 17, já com espírito de despedida, passeamos novamente pelo centro da cidade para curtir o modo de ser do portenho, incluindo ruas pelas quais ainda não havíamos passado, aproveitando para visitar a Igreja do Santíssimo Sacramento.
À tarde fomos fazer compras e seguimos para o hotel para nos prepararmos para ir ao musical.
Seguimos para o Teatro Ópera caminhando pela Florida em meio aos dançarinos de tango, artesãos e músicos que ali se instalam no início da noite.
Seria impróprio tentar descrever aqui o musical, afinal, já há tanto material sobre ele na Internet. Mas, posso dizer que é um espetáculo que ninguém que tenha um mínimo de sensibilidade deva perder de ver. Superou nossas expectativas que já eram elevadas, fechando com chave de ouro nossa estada na Capital Federal da República Argentina. O que vimos ali foi algo irretocável, surpreendente e emocionante.
No dia seguinte saímos de madrugada para o Aeroporto de Ezeiza para retornar ao Brasil e poder abraçar nossa filha.
Queremos retornar a Buenos Aires, em uma época mais quente oportunizando experimentar muitos sabores dos sorvetes do Freddo (principalmente de doce de leite e cubanitos), beber muitas Quilmes, instalados em mesas de calçada, visitar o Teatro Cólon, museus e explorar outras atrações que deixamos de visitar.
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