Caminho da Luz - Minas Gerais [Amigos do Caminho]

2007 - Julho, 01 a 07


O Caminho da Luz, em Minas Gerais, seria nossa primeira caminhada de longa duração (8 dias - 177 km) e realizaríamos com nossos experientes amigos da ACACSC (Associação Catarinense dos Amigos do Caminho de Santiago de Compostela).


A viagem foi programada pelo Guido Becker.

No dia 29/06/2007, embarcamos num confortável ônibus e partimos às 19h30m, com toda a bagagem necessária dentro de uma mochila, com destino ao município de Tombos, no sudeste de Minas Gerais, na Zona da Mata Mineira.


A viagem foi tranquila e chegamos às 18 horas do dia 30, ao Hotel Serpa, em Tombos/MG. Após um banho reconfortante, descemos para jantar, quando recebemos a camiseta, credenciais e um livro sobre o caminho, além de orientações. Tivemos uma reparadora noite de sono, afinal, no dia seguinte finalmente seríamos caminhantes de verdade. Em nosso íntimo ainda guardávamos a certeza de que somente realizando o Caminho de Santiago de Compostela, teríamos a maioridade de caminhantes ou peregrinos, mas era um grande passo.



Era 8h30m do dia 01/07 quando iniciamos a caminhada, efetuando uma visita às quedas do Rio Carangola, ainda no perímetro urbano de Tombos, onde se acha uma das primeiras usinas hidrelétricas de Minas, partindo, em seguida para o Distrito de Catuné, onde pernoitaríamos.






No km 13 da caminhada, o grupo de apoio nos aguardava com um lanche em frente a casa de Dona Francisca, 86 anos, neta de escravos, que com simplicidade nos acolheu muito bem.






Afora a queda de pressão sofrida pela Clarice, os quase 25 km daquele dia foram vencidos com certa facilidade e proporcionaram momentos de integração do grupo e paisagens de rara beleza.


Ao nos aproximarmos do Distrito de Catuné fomos recepcionados por Douglas, menino da comunidade que nos conduziu à Pedra Santa, grande gruta formada numa rocha, onde há uma capela em honra a Nossa Senhora de Lourdes.


Após, o garoto nos levou à casa de Dona Dulce, representante do Grupo de Apoio Luz do Caminho, que nos recepcionou com sucos, aipim e bolo. Dali, Douglas e seus amigos fizeram questão de levar nossas mochilas até a casa de Dona Neusa, onde pernoitaríamos.

De noite, nos reunimos aos grupos no centrinho da cidade. O Leônidas comprou e compartilhou conosco um mamão seco recheado que ficou para sempre na lembrança de quem experimentou.



Saímos às 6h30m para tomar café da manhã no Balneário da Igrejinha, distante cerca de 3 km do centro da cidade.

Partimos para caminhada do segundo dia também às 8h30m.

Passamos por plantações de café onde pudemos acompanhar momentos de colheita e de afazeres rurais.

Na localidade de Água Santa efetuamos uma parada para lanche e provamos da água que jorra na pedra do santuário. Dalí pudemos desfrutar da bela paisagem do vale.


Em Pedra Dourada pernoitamos na Pensão de Dona Ana.



Na enevoada manhã do dia três partimos rumo ao município de Faria Lemos.

Logo em seguida avistamos a pedra do lagarto.



Por volta das 10 horas da manhã o Grupo de apoio nos aguardava na Cachoeira da Surpresa com o lanche e um músico tocando flauta.

Naquele trecho nosso grupo era formado pela Tânia, Ecilda, Clarice e eu. Paramos em frente a uma casa e depois de conversarem com a moradora a Ecilda preparou um café. O detalhe é que elas acabaram nem tomando daquele café porque ao prepararem, não perceberam que já havia açúcar misturado ao pó de café e só tomam café amargo. A Emi e O Leônidas chegaram e alguns tomaram daquele café e outros Nescafé.

No trevo de acesso a Faria Lemos comemos um gostoso queijo novamente patrocinado pelo Leônidas.

Em Faria Lemos os solteiros ficaram no Hotel Ventura e os casais hospedaram-se em diversas casas. Na casa de Dona Hercília ficaram a Arlete e o Leonel, o Longino e a Eliane e a Clarice e eu.

Depois do banho o pessoal reuniu-se num bar para uma cervejinha básica em preparação para o jantar.

Depois do jantar efetuamos um tour pelo centro da cidade, ciceroneados pelo Sr. Vanderson (mais conhecido como Dé), Secretário de Turismo do município.








Em 04/07, quando nos reunimos no hotel para a saída, cantamos parabéns para o Fernando que aniversariava e sob suave névoa, partimos para Carangola.

Neste dia passamos pela Serra dos Cristais, onde o sol brilhava nos cristais que sobejavam pelas estradas.

Também foi nesse dia que passamos pelo local onde desfrutamos da maravilhosa imagem proporcionada pela incidência da luz do sol no túnel formado pela vegetação plantada às margens da estrada (imagem utilizada no título do blog).



Chegamos cedo, almoçamos e fomos para o hotel.

A noite, depois de jantarmos em um restaurante, fomos agraciados com uma apresentação do grupo Batendo Lata, formado por crianças da cidade.



Início da manhã do quinto dia, foto do grupo em frente ao coreto da praça da cidade e pé na estrada rumo a Espera Feliz.

Neste dia o Ônibus nos levou até o ponto de início da caminhada, visto que a parte inicial do percurso já havia sido trilhada no dia anterior, quando de nossa chegada.

Uma hora de caminhada e chegamos às ruínas de uma antiga estação da Rede Ferroviária Federal, túnel de pedra e paredões rochosos.




No início da tarde passamos por Caiana e por várias plantações de café.

Pernoitamos no Hotel Pico da Bandeira onde a Clarice recebeu atenção especial do pessoal do hotel, visto que nesse dia havia enfrentado problemas intestinais.







Na manhã do sexto dia o primeiro trajeto foi praticamente plano até Caparaó, onde almoçamos.

A partir daí inicia-se a subida de serras que levam ao município de Alto Caparaó, com muita poeira, visto que há um maior fluxo de veículos.



No hotel, a proprietária preparou para a Clarice um angú com ovo prometendo que no dia seguinte ela estaria apta a subir ao Pico da Bandeira

Jantamos e fomos receber o Certificado do Peregrino.






Era chegado o grande dia de subir ao Pico da Bandeira, o terceiro ponto mais alto do Brasil. Éramos só apreensão com o que encontraríamos pela frente, afinal nossa experiência era caminhar e não subir montanhas.

A data era especial. Estávamos no dia 07/07/07.

Alto Caparaó fica a uma altitude de 997 metros e iríamos em carros de apoio até a localidade de Tronqueira que fica a uma altitude de 1.970 metros.



Dalí partiríamos a pé para vencer os 920 metros até o topo da montanha que está a 2.890 metros de altitude.

A primeira etapa percorrida a pé foi até os 2.370 metros, onde fica o Terreirão - chapada utilizada para camping.






Breve descanso e partimos para a última etapa de subida. Por volta das 13 horas chegamos ao pico.




Daí foi só alegria. Hastear a bandeira que a Clarice havia levado, efetuar fotos, desfrutar da magnífica vista de 360°, onde de um lado estava Minas Gerais e do outro o estado do Espírito Santo.



Passada a euforia fomos aos poucos nos dando conta de que ainda faltava a descida.

Quem tem o hábito de caminhar sabe que a descida pode ser pior que a subida. E estávamos tratando da descida de uma montanha, com trechos a ser efetuados sobre rochas.

Tiramos de letra.

Enquanto descíamos passamos por um grupo de adolescentes, onde vinham praticamente todos com a língua para fora e bufando.

Quando chegamos novamente na Tronqueira, pudemos dar como vencido o desafio e agradecer a Deus por tudo que nos foi proporcionado.

As botas cobertas de pó transformaram-se em troféu.



Já no ônibus, retornando para Florianópolis, a mente saltava entre lembranças sobre a caminhada realizada e a imaginação de novos caminhos a realizar.

Afinal a caminhada de longos percursos gera um hábito. Um bom hábito.

Num determinado momento a Clarice levantou-se para arrumar a mochila que estava meio solta no bagageiro, quando o ônibus freou e ela, não conseguindo segurar-se foi jogada, rolando pela escada que dá acesso ao andar superior do ônibus, machucando o cóccix.

Socorrida, foi colocada numa das camas dos motoristas, onde viajou até Curitiba.

6 comentários:

Anônimo disse...

tombos sem comparaçao, tava procurando umas fotos do caminho da luz e acheei esse blog adorei , sou de tombos e gosto de saber o q todos acham daqui , agradeço por nos prestigiar \o/ :) ;)

Mauricio e Clarice disse...

Nos é que agradecemos sua visita ao nosso Blog.
Foi um grande prazer fazer o Caminho da Luz.
Ainda sentimos saudades daqueles dias.
É um caminho mágico e Tombos foi uma agradável surpresa em nossa recepção.

Anônimo disse...

Achei maravilhoso o que vocês descreveram.Tenho vontade de fazer essa caminhada,mas não tenho experiência,por essa razão,fico um pouco temeroso.Acho que devo me preparar melhor fisicamente para uma caminhada de tamanha envergadura.Se puderem me passar algumas dicas,desde já agradeço.
Abs.
Humberto.
humbertodedeus@yahoo.com.br

Mauricio e Clarice disse...

Olá Humberto,
O Caminho da Luz é realmente lindo e desafiante e exige uma certa experiência com caminhadas longas, porém, nada impossível.

Se você já tem o hábito de caminhar diariamente por alguns quilômetros, penso que pode enfrentar o desafio.

No site oficial do Caminho da Luz (www.caminhodaluz.org.br) há várias dicas sobre a preparação e no menu "Informações" trata também do Apoio através de empresa especializada, na qual você pode, inclusive, buscar integrar um grupo que vá percorrer o caminho para não correr riscos sozinho.

Você também pode obter dicas e fazer a preparação para caminhadas longas nas Associações dos Amigos do Caminho de Santiago de Compostela, existentes em quase todos os Estados do Brasil. Eles podem lhe auxiliar na preparação, além de oferecer outras oportunidades de caminhadas.

Aqui em Santa Catarina o site da associação é www.amigosdocaminho.com.br

Quem sabe, depois você acaba percorrendo o Caminho de Santiago de Compostela. Veja meu relato em http://www.diariodoscaminhos.com.br/2013/11/caminhada-caminho-de-santiago-de.html

Abraços

Carlos Eduardo Godoy disse...

Parabéns pelo exemplo de vida!

Mauricio e Clarice disse...

Prezado Carlos.

Agradecemos seu elogioso comentário.
Apesar de nosso blog estar desatualizado, permanecemos fazendo nossas caminhadas e esperamos compartilhar essas experiências em breve, publicando as mais de cinquenta postagens pendentes.