Caminhada: Treze Tílias/SC


2011 - Maio, 05 a 08

Quem acompanha este blog sabe que temos por padrão definir o título das postagens com o tipo de evento (viagem, caminhada, trilha ou passeio) e o nome da cidade de destino principal. Não fosse este o padrão, provavelmente o título deste "post" seria "Os 30 felizardos". Neste evento ocorreu tudo de uma forma tão boa que se tivesse que indicar um só momento negativo, não encontraria. Pessoas fantásticas, ônibus confortável, paisagens deslumbrantes, clima agradável, hotel excelente, atendimento perfeito, integração total. Bom, não pensem que gastei todos os meus adjetivos nestas definições, parei para não ficar monótono. Mas vamos ao relato.




A caminhada foi organizada pela Ana Zen e seu marido Rudi, para a ACACSC (Associação Catarinense dos Amigos do Caminho de Santiago de Compostela), com a finalização por parte da diretoria.

Nossas mochilas já estavam preparadas de véspera e algumas providências vieram de bem antes, dentre elas as dicas para meu primo Marcos que, pela primeira vez, participaria de uma caminhada longa.

A partida se daria no Terminal Cidade de Florianópolis às 6 horas do dia cinco de maio, uma quinta-feira. Ajustamos o despertador para bem cedo de forma a tomarmos o café da manhã e seguirmos de taxi até o centro. Quando saímos de casa ainda estava escuro e chegamos ao terminal antes das seis. Aguardava-nos um ônibus de dois pavimentos com sala de jogos no pavimento inferior. Cumprimentamo-nos, guardamos as bagagens, uma rápida conversa e entramos no ônibus.

A cidade ainda dormia quando o ônibus partiu. O dia começava a receber a primeira claridade do sol. Éramos 26 passageiros num ônibus com 42 confortáveis lugares.

Em Águas Mornas paramos para a entrada do José Inácio.


Algumas pessoas foram para o salão do pavimento inferior e seguimos viagem até Joaçaba onde paramos para a entrada da Helga que veio de Porto Alegre.

Logo em seguida estávamos em Treze Tílias e seguimos para o Treze Tílias Park Hotel, nossa hospedaria. Por já passar das 13 horas, fomos diretamente ao restaurante onde nos esperavam com um almoço e depois nos instalamos nos apartamentos.

O Itamar e a Gladys, de Blumenau, tinham ido de carro e já aguardavam, completando o grupo de 30.

Aos poucos os membros do grupo desceram dos apartamentos e, caminhando, fizemos uma visita aos principais pontos turísticos do centro da cidade, admirando a beleza da arquitetura, visitando lojas de esculturas, ateliê de escultor, loja de chocolate, visitando a Secretaria de Turismo, onde assistimos a um filme sobre a fundação da cidade, a Igreja matriz com suas belas peças em madeira e rebuscados acabamentos. Visitamos também o Parque do Imigrante e fechamos a tarde numa cervejaria bebendo chope fabricado na cidade e saboreando salsicha cozida.













Transitando pelas ruas de Treze Tílias, sentíamos como se estivéssemos fora do Brasil. A maioria das construções segue o estilo Alpino, são bem cuidadas e muitas delas ostentam um galo-dos-ventos numa torre sobre o telhado, dando uma identidade para a habitação.




Com pouco mais de seis mil habitantes de um povo trabalhador, ruas limpas, jardins bem tratados e floreiras nas abundantes sacadas ornadas em madeira, têm-se a impressão de estar na Europa.

Depois da janta, regada a vinho e muita conversa, assistimos ao filme The Way, cujo roteiro narra uma história passada no Caminho de Santiago de Compostela e aborda a transformação interior de um pai cujo filho estava trilhando o caminho.



Na sexta-feira, dia seis, acordamos cedo. Estava frio e nos agasalhamos para a caminhada. Seguimos a rotina de café, passagem pelo apartamento para pegar mochila e descemos para a sessão de alongamentos coordenada pela Cirlene que introduziu alguns princípios de Yoga. Fizemos a oração e partimos caminhando rumo a Linha Rosengarten. Para este dia estava programado efetuarmos a rota das etnias.

Saímos todos juntos do hotel, mas aos poucos alguns iam tomando a dianteira e cada um seguia seu ritmo. Conforme seguíamos o clima esquentava e nos liberávamos de nossos agasalhos.




O clima estava fantástico e a bela paisagem tornava o caminhar mais agradável. Conforme seguíamos as pessoas iam se alternando em grupos e conversando. Por haver muitas pessoas participando pela primeira vez a conversa permitia que as pessoas se conhecessem.







Passava pouco das 10 horas quando chegamos ao Parque Babenberg. Seguimos para a gruta onde os irmãos Parisotto nos aguardavam com uma sapecada de pinhão e sanduiches.



Ali, no meio da mata, ao lado da gruta, saboreamos os pinhões e fomos surpreendidos quando chegaram dois músicos contratados pelo Parisotto para tocarem para nós em frente a gruta, no silêncio da floresta. Um momento mágico.


Depois da apresentação percorremos a trilha do parque onde há uma via sacra esculpida por artistas locais, conhecemos a capela construída pelos primeiros imigrantes austríacos em 1934 e o cemitério dos pioneiros.




Partimos caminhando para a Linha Pinhal, de colonização Italiana. Lá provamos tangerina que colhemos nos pés plantados à margem da estrada e pudemos conversar com pessoas da comunidade.




Um pouco adiante, no "Ristorante Cillo Broto", local de filmagens da novela da televisão Ana Raio e Zé Trovão, aguardavam-nos com um lanche composto de sucos, vinhos e licores, polenta frita, fortaia (omelete italiana com ovos, queijo e linguiça), lingüiça frita, salame, queijo e uma infinidade de pães, cucas e doces que me fazem salivar só de lembrar. O restaurante está situado em uma propriedade rural muito bem cuidada e bela.






Na seqüencia, caminhávamos conversando quando se aproximou por trás um veículo buzinando muito e ao olharmos vimos a Clarice a Armi e a Zélia, sentadas junto ao motorista, fazendo algazarra. Ao nos alcançarem elas desceram e se juntaram a um agricultor e outros membros do grupo que faziam a colheita de milho. Fizeram uma festa no milharal.





Permanecemos caminhando até o hotel aonde chegamos por volta das 17 horas. A caminhada deste dia foi de 31 km, medidos no GPS do Itamar.

No hotel alguns de nós fomos para a piscina interna térmica onde beliscamos aperitivos de amendoim e tomamos vinho branco. Depois fizemos sauna a vapor. Como diria o Quirino: "Êta vidinha mais ou menos!"

Por fim um farto e bem elaborado jantar e subimos para descansar uma vez que o café do dia seguinte estava programado para as 6 horas.

O sábado amanheceu com forte névoa, tornando a paisagem ainda mais européia.


Depois do café, alongamento e oração, partimos, todos bem agasalhados uma vez que a névoa úmida acentuava a sensação de frio.





Estava agradável caminhar na cidade sob névoa, onde podíamos perceber os galos de vento semi encobertos.



Na saída da cidade subimos um pequeno morro e algumas pessoas já começaram a se desfazer dos agasalhos, visto que o dia prometia ser de sol e quente.


Tão logo chegamos à área rural, nos aguardava um espetáculo da natureza, quando a primeira claridade do sol se infiltrava por entre os galhos das árvores e, refletindo-se na névoa, criava raios luminosos que se lançavam em diversas direções.


Continuamos caminhando naquele ambiente mágico de sombras e luzes. Por momentos o sol se mostrava todo e em outros a névoa o escondia parcialmente.






Neste dia ficamos mais para o final do grupo para podermos absorver toda a beleza da natureza, ora numa pedra, em outro momento nos efeitos da luz do sol ou na sombra formada por sua ausência. Na formação de uma nuvem ou nos animais das propriedades rurais. Em momentos, parávamos para olhar para trás e ver a paisagem de outro ângulo.


O Vitor estava muito contente pelo fato da Bernadete estar lhe acompanhando nesta empreitada.


Tudo estava em perfeita sintonia. Até as teias de aranha pareciam toalhas rendadas dispostas nas cercas para saudar nossa passagem.



As pessoas que caminhavam à frente, a cada encruzilhada, marcavam o caminho com setas, algumas delas com toques de arte e carinho.



Os incansáveis irmãos Paarizotto nos aguardavam no caminho com outra sapecada de pinhão e bananas, próximo a uma residência onde havia tangerina e laranja açúcar que pudemos provar.



Ao meio dia chegamos ao município de Salto Veloso e fomos visitar o salto que deu origem ao nome da cidade, onde fomos recepcionados pela Primeira Dama, pela Secretária de Cultura e pelo próprio Prefeito Municipal.


Foto com o Prefeito de Salto Veloso

Itamar buscando uma boa foto.
Dalí fomos até a Igreja Matriz, única no Brasil a conter em seu interior a imagem do demônio que aparece subjugado aos pés de Santa Juliana.


De ônibus seguimos até a localidade de Heliópolis, muncípio de Água Doce para visitar a Vinícola Villaggio Grando. Descemos na porteira da Fazenda, às margens da SC 451 e entramos caminhando por entre os parreirais. Seguimos até um pomar de maçãs e fomos até a sede da propriedade, distante 5 km da entrada, totalizando 23 km caminhados no dia. A propriedade possui paisagens sensacionais, com vegetação de todos os matizes agrupados harmonicamente.



Vinícola Villaggio Grando

Vinícola Villaggio Grando

Vinícola Villaggio Grando

A sede é indescritível. Mesmo que me dispusesse a tentar descrevê-la teria que extrapolar minha capacidade redacional para traduzir tantos detalhes e belezas. É necessário estar lá, respirar aquele ar, sentir aquela brisa, olhar com paciência para a paisagem e para as construções tão bem integradas ao ambiente para entender o que sentimos naquele dia.

Vinícola Villaggio Grando

Vinícola Villaggio Grando

Para melhorar, nos aguardavam com aperitivos e espumantes, momento em que brindamos nossa alegria de viver e de estarmos juntos naquela empreitada.

Para melhorar ainda mais, seguimos para uma degustação de vinhos, onde fomos acomodados em mesas redondas, contendo um prato de frios, várias taças e uma ficha para anotarmos a avaliação das bebidas que degustamos, passando por espumantes, vinhos brancos e tintos. Alguns, ainda nem estão no mercado e eram comercializados sem rótulos para aqueles que se interessassem. Tratavam-se de vinhos finos, de altitude, elaborados para serem vinho de guarda.


Após a degustação, seguimos para a área de processamento e adega para uma visita que se estendeu até o por do sol, momento em que voltamos ao salão à margem do lago e fomos recepcionados com música tocada em um piano de cauda.




Pegamos nossas encomendas e voltamos ao hotel de ônibus. Acomodamo-nos aos fundos do ônibus e viemos contando piadas. no hotel nos aguardava um excelente jantar.

Após o jantar houve uma apresentação de danças austríacas por um grupo folclórico da cidade.

No domingo o grupo se dividiu e parte resolveu fazer um passeio turístico com o trenzinho do professor Luiz e visitar o parque Lindendorf e outro grupo, no qual nos incluímos, optou por fazer uma trilha urbana.


A trilha inicia-se nos fundos do terreno do hotel e seguia até o Parque de Águas Termais e dali prosseguia até  uma capela no meio da mata e com saída na SC 455. Enquanto estávamos na trilha, paramos, sem notar, em algum formigueiro e, enquanto caminhávamos começamos a sentir umas picadas nas pernas e levamos as mãos para coçar, até que percebemos que eram formigas o ataque foi pior na Armi, na Zélia, na Lilia e em mim. A Ana, o Rudi e a Clarice praticamente não sentiram nada.






Seguimos em direção ao hotel parando em um posto de gasolina onde aproveitamos para limpar as botas. Enquanto estávamos ali o trenzinho onde estava o restante do grupo estava passando também de volta ao hotel e parou para nos dar uma carona. Quando entramos as mulheres do nosso grupo deram uma agitada e todos começaram a cantar a música do sistema de som do veículo.


Ao chegarmos ao hotel tivemos mais uma bela surpresa. Esperava-nos a carrocinha do chope. Todos desceram, serviram-se e foi uma diversão só, com muita dança e alegria.





Rudi dando show de dança Austríaca.

Alegria total no final do evento.

Após um relaxante banho, fomos ao almoço onde se destacava um costelão assado que estava sublime.

Acomodamos as bagagens no ônibus e iniciamos a viagem de retorno. Um grupo, no qual nos inserimos, desceu a sala de jogos e viemos, boa parte da viagem, contando piadas.

Quando chegamos em Florianópolis já era noite.

Efetivamente Santiago estava conosco neste passeio e colocou sua benção em tudo que nos cercava. Foi inesquecível.

Não podemos deixar de registrar nosso agradecimento a toda a equipe de funcionários do Treze Tílias Park Hotel, que se desdobraram para nos atender da melhor forma possível, algumas vezes tendo de segurar ou postergar os horários padrões para se adequarem a nossas atividades. Agradecimento especial aos irmãos Parisotto que não se furtaram em sair de suas rotinas para nos o de melhor, quer no planejamento quanto na execução dos caminhos percorridos e atividades cumpridas. Temos certeza que o hotel está, agora, mais preparado ainda para receber grupos de caminhantes. Espero que a ACACSC promova novo evento naquela cidade, dando oportunidade para aqueles que não puderam comparecer este ano.



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4 comentários:

cecilia disse...

Olá , estou em Joinville e gostaria de fazer uma viajem-caminhada por alguma regiao aqui de SC. Vcs teriam informçao ou poderiam me ajudar a ingressar em um grupo?
Obrigada att. Cecilia!

Mauricio e Clarice disse...

Cecília,

Somos membros da ACACSC (Associação Catarinense dos Amigos do Caminho de Santiago de Compostela).
Nossa associação promove eventos deste tipo.
Veja detalhes da Associação no site http://www.amigosdocaminho.com.br.
Há outras associações em Santa Catarina. Uma delas é a Fazendo Trilhas.
Saudações.

fatima de oliveira disse...

Caros companheiros, desejamos fazer contato para participarmos deste evento.Gentileza enviar-nos informações a respeito, e formas de comunicação.
Somos as caminhantes da Estrada Real(www.caminhantesdaestradareal.com.br), Minas Gerais. Estamos sediados em Belo Horizonte, no parque das mangabeiras. Nosso contato de telefone é o (31)85210663. Poderiam nos enviar seu contato de telefone?

Mauricio e Clarice disse...

Olá Fátima,

As caminhadas deste roteiro são organizadas pelo pessoal do Treze Tílias Park hotel. Entre em contato com o Parizotto em http://www.ttph.com.br/