2014 - maio, 13 a 16
Seu Miguel Avila, vizinho da irmã da Clarice tomou conhecimento sobre o Caminho de Santiago de Compostela por nosso intermédio. Logo despertou-lhe o interesse pelo assunto. Emprestamos-lhe nossos livros sobre o assunto e a paixão aumentou a ponto de decidir fazer a peregrinação à Santiago.
Então, seu Miguel nos procurava em busca de respostas para suas dúvidas sobre a preparação. Fomos lhe orientando, mostrando nossos equipamentos, passando dicas sobre a preparação física, sobre como proceder nos albergues, no caminho, enfim, tudo que nossa experiência permitia.
Ele fazia caminhadas urbanas de preparação e subia as escadas do prédio como condicionamento para enfrentar os Pirineus sem fadiga.
Combinamos, então, de fazer essa caminhada para uma preparação definitiva, já levando o material que pretendia usar na Espanha.
Para nos acompanhar, convidamos meu primo Marcos Caetano e marcamos a data.
O combinado era nos encontrarmos bem cedo no dia treze, para tomarmos um ônibus para São Pedro de Alcântara, de onde iniciaríamos a caminhada.
1º dia - 13/05/2014 - São Pedro de Alcântara/SC a Angelina/SC
Praça - São Pedro de Alcântara/SC |
Saída 7:55
Chegada: 15:30Distância: 27 km
Pernoite: Hotel Sens
Era muito cedo e já estávamos todos no ponto de ônibus. O tempo foi passando e nada do ônibus chegar. Telefonando para a empresa que fazia o trajeto e descobrimos que os funcionários estavam em greve e não teria ônibus. Tomamos, então, um taxi e partimos.
Era 7h55m quando iniciamos a caminhada na praça de São Pedro de Alcântara.
O Marcos estava com problemas com sua mochila e sentia dor nos ombros e na lombar, mas seguia caminhando.
Passamos por belas paisagens e estradas agradáveis.
Nesse trajeto há vários casarios antigos que foram restaurados e é interessante pensar que naquele lugar, ainda hoje, remotos já havia edificações tão imponentes há muitos e muitos anos.
Apesar dos pesares, foi uma caminhada tranquila e às 15h30m, chegamos ao Hotel Sens, em Angelina, onde pernoitaríamos.
No hotel, depois do banho a Clarice fez uma revisão na mochila do Marcos e viu que além da mochila não ser a ideal, tinha muita roupa desnecessária. Fizeram um pacote com o excesso e deixaram guardado no hotel para ele pegar na outra semana.
Jantamos jogando conversa fora e curtindo uma agradável cerveja.
2º dia - 14/05/2014 - Angelina/SC a Major Gercino/SC
Saída 8:22
Chegada: 16:12
Distância: 28,2 Km
Hotel Senadinho
Por caminharmos muito nessa região, a Clarice e eu sabíamos que o percurso desse dia é fácil no início, mas se torna pesado ao final, quando já se está aproximando de Major Gercino, e se enfrenta um morro "puxado", daqueles que a gente olha para a frente e pensa "aquela curva que se vê é a última da subida", mas ao vencê-la se vê que ainda há muito a subir e outras curvas para nos enganar.
Para castigar ainda mais, a descida é muito longa e exige bastante de outro grupo de músculos da perna. Um bom teste para seu Miguel.
Era 16h12m quando chegamos ao Hotel Senadinho.
Descemos para um lanche (o hotel não tem serviço de janta e não há restaurante na cidade).
3º dia - 15/05/2014 - Major Gercino/SC ao distrito de Pinheiral
Ponte pênsil -Major Gercino/SC |
Chegada: 14:05
Distância: 22,6 Km
Hotel Soni
Depois do café da manhã no hotel e dos ajustes nas mochilas, iniciamos a caminhada atravessando a ponte pênsil que fica bem próxima ao hotel Senadinho.
Já havíamos preparado o espírito para a caminhada do dia, que sabíamos, seria de muita subida.
O dia de sol se apresentava como mais um elemento de dificuldade no desafio.
Nosso destino do dia seria o distrito de Pinheiral de Major Gercino. Para mim esse destino se apresentava de modo especial uma vez que meus antepassados, quando vieram para o Brasil, se instalaram primeiramente ali. Tendo vindo da região da Galícia, na Áustria, formaram uma comunidade denominada Nova Galícia. Mas a história de minha família não foi preservada e havia pouco tempo que descobrira esses fatos.
Conforme avançávamos, mais o morro nos exigia. Às vezes eu me pegava pensando se meus antepassados haviam transitado por aquela via lá por fins do século XIX.
O caminho é belo e tem sombras que amenizam o sofrimento do caminhante.
Chegamos ao hotel às 14h05m. Depois de nos instalarmos fomos fazer uma visita a casa do Colégio Catarinense, que o seu Miguel frequentava no tempo em que estudava naquele colégio e após, quando participou na coordenação de grupos de alunos.
Casa do Colégio Catarinense - Pinheiral de Major Vieira/SC |
4º dia - 16/05/2014 - distrito de Pinheiral a Nova Trento/SC
Saída 7:27
Chegada: 15:58
Distância: 35,3 Km
Choveu muito durante a noite. Acordamos algumas vezes e chegamos a pensar que se a chuva não passasse poderia inviabilizar a caminhada do dia seguinte.
No entanto, pela manhã o céu já estava azul e via-se ao longe alguma névoa.
Iniciamos a caminhada cedo porque seria uma caminhada longa.
Assim que começamos, senti alguma coisa me incomodando no pé direito. Não sabia se era a meia ou algum grão de areia. Depois de andar um pouco avisei que assim que achasse onde sentar que eu teria que parar, mas estava tudo molhado e fomos andando.
Mais à frente, na saída da cidade, vi que o cemitério estava aberto e avisei que pararia ali. Daí disse ao seu Miguel que se encontrasse alguma sepultura com o sobrenome Berka, que seria parente meu. mas não tinha esperança que isso viesse a ocorrer. Sentei, tirei a bota, corrigi o problema, calcei a bota e antes de me levantar olhei para jazigo ao lado e nele li o nome de minha bisavó. Senti um arrepio. É como se o incômodo tivesse ocorrido para me levar ali. Encontrei, sem querer, o túmulo de minha bisavó e, junto com ela, duas tias-avós. Fiz uma oração e partimos.
Nos primeiros seis quilômetros há um ganho de elevação de aproximadamente 200 metros e depois é só descida, com perda de elevação de mais de 600 metros.
Estávamos passando à pé por aquela estrada pela primeira vez e se apresentou como um agradável caminho, com sombras e pouco movimento.
Capela de Valsugana |
Capela de Ribeirão Bonito |
Aproximadamente depois de 18 quilômetros, chegamos na ponte que atravessa o Rio do Braço e dali seguimos pela estrada geral de São Valentim até o trevo do Aguti, seguindo em direção ao centro da cidade.
Seguimos, então, até a estação rodoviária, onde tomamos um ônibus para São José.
Somando as distâncias percorridas nos quatro dias, caminhamos uma distância total de 113,1 quilômetros.
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